in Livro da Minha História, volume Livro de Protocolo,
12 de Novembro de 1997
Um Gajo Que Faz Pena saiu à rua e encontrou um Pato Depenado.
- Ó tu Que Faz Pena, não me vês assim, aqui cheio de frio
depois daquele banho quente?
- Por mim estou cheio de fome e tu como Pato estás avançado
para a comida.
- Se tivesse Penas voava para longe de ti, Pena.
Gajo Que Faz Pena sorriu escarnoso e deitou a mão ao pescoço
de Pato Depenado e tapou-lhe a ferida de haver sido degolado. Pato Depenado lá
patinhou e esaseou sem voar pois Penas não tinha.
E nas ruas eram invejados, Gajo Que Faz Pena e Pato
Depenado, o primeiro por levar comer para casa, o segundo por patinhar sem
ferida a caminho.
- Que Faz Pena, o peito já está coberto de Penas, nas asas
elas despontam, até já quase rabinho tenho, não poderás parar de me agarrar
pelo pescoço?
- A tua ferida sarou Pato, caminhámos já bastante, mas não
gosto de te ver assim careca.
Pato Depenado patinhou abanando a cabeça atrás do bico mal
se viu livre da mão-gargantilha que há já tanto tempo trazia dada pela mão de
Gajo Que Faz Pena, e as Penas despontavam a passos dados.
- Gajo Que Faz, vês as longas do rabo a abanar? E o tamanho
das asas estendidas? E cabeça e pescoço e barriga tão branquinhos que dos
cisnes vim? Vou tirar da tua vista a marreca careca e, se olhares para cima
vais ver-me, daqui a pouco, junto àqueles pontos em V, que são uns primos meus.
Vou deixar-te aqui este ovo que é só meu e do qual nem Pato sairá.
Pato voou a caminho das estrelas e Gajo que Faz fez o ovo ao
pequeno-almoço, estrelado.
Sem comentários:
Enviar um comentário