segunda-feira, 30 de setembro de 2013



in Livro da Minha História, volume Livro de Protocolo, 12 de Novembro de 1997


Um Gajo Que Faz Pena saiu à rua e encontrou um Pato Depenado.

- Ó tu Que Faz Pena, não me vês assim, aqui cheio de frio depois daquele banho quente?

- Por mim estou cheio de fome e tu como Pato estás avançado para a comida.

- Se tivesse Penas voava para longe de ti, Pena.

Gajo Que Faz Pena sorriu escarnoso e deitou a mão ao pescoço de Pato Depenado e tapou-lhe a ferida de haver sido degolado. Pato Depenado lá patinhou e esaseou sem voar pois Penas não tinha.

E nas ruas eram invejados, Gajo Que Faz Pena e Pato Depenado, o primeiro por levar comer para casa, o segundo por patinhar sem ferida a caminho.

- Que Faz Pena, o peito já está coberto de Penas, nas asas elas despontam, até já quase rabinho tenho, não poderás parar de me agarrar pelo pescoço?

- A tua ferida sarou Pato, caminhámos já bastante, mas não gosto de te ver assim careca.

Pato Depenado patinhou abanando a cabeça atrás do bico mal se viu livre da mão-gargantilha que há já tanto tempo trazia dada pela mão de Gajo Que Faz Pena, e as Penas despontavam a passos dados.

- Gajo Que Faz, vês as longas do rabo a abanar? E o tamanho das asas estendidas? E cabeça e pescoço e barriga tão branquinhos que dos cisnes vim? Vou tirar da tua vista a marreca careca e, se olhares para cima vais ver-me, daqui a pouco, junto àqueles pontos em V, que são uns primos meus. Vou deixar-te aqui este ovo que é só meu e do qual nem Pato sairá.

Pato voou a caminho das estrelas e Gajo que Faz fez o ovo ao pequeno-almoço, estrelado.