quinta-feira, 10 de outubro de 2013


António Gomes dos Santos, Homem-Estátua, hãToino de Lírio, ele mesmo pairando, e eu pousando para foto turística tirada por seu ancestral assistente Bléque
(Rua Augusta X Rua da Assumpção)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013



in Livro da Minha História, volume Livro de Protocolo, 12 de Novembro de 1997


Um Gajo Que Faz Pena saiu à rua e encontrou um Pato Depenado.

- Ó tu Que Faz Pena, não me vês assim, aqui cheio de frio depois daquele banho quente?

- Por mim estou cheio de fome e tu como Pato estás avançado para a comida.

- Se tivesse Penas voava para longe de ti, Pena.

Gajo Que Faz Pena sorriu escarnoso e deitou a mão ao pescoço de Pato Depenado e tapou-lhe a ferida de haver sido degolado. Pato Depenado lá patinhou e esaseou sem voar pois Penas não tinha.

E nas ruas eram invejados, Gajo Que Faz Pena e Pato Depenado, o primeiro por levar comer para casa, o segundo por patinhar sem ferida a caminho.

- Que Faz Pena, o peito já está coberto de Penas, nas asas elas despontam, até já quase rabinho tenho, não poderás parar de me agarrar pelo pescoço?

- A tua ferida sarou Pato, caminhámos já bastante, mas não gosto de te ver assim careca.

Pato Depenado patinhou abanando a cabeça atrás do bico mal se viu livre da mão-gargantilha que há já tanto tempo trazia dada pela mão de Gajo Que Faz Pena, e as Penas despontavam a passos dados.

- Gajo Que Faz, vês as longas do rabo a abanar? E o tamanho das asas estendidas? E cabeça e pescoço e barriga tão branquinhos que dos cisnes vim? Vou tirar da tua vista a marreca careca e, se olhares para cima vais ver-me, daqui a pouco, junto àqueles pontos em V, que são uns primos meus. Vou deixar-te aqui este ovo que é só meu e do qual nem Pato sairá.

Pato voou a caminho das estrelas e Gajo que Faz fez o ovo ao pequeno-almoço, estrelado.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

domingo, 19 de maio de 2013





O momento maior foi o que precedeu o momento de escrever
O momento maior foi o que precedeu o momento de escrever

O momento maior foi o que precedeu
o momento de escrever
O momento maior foi o que precedeu
o momento de escrever

O momento
foi o que precedeu
o momento de escrever
O momento
                   foi
o que precedeu
o momento

                                                                                                         acb
HOME N AGE M 
a
MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS


MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

PENA CAPITAL

ESTADO SEGUNDO
XXI

Ama como a estrada começa


PENA CAPITAL I

VINTE QUADRAS PARA UM DÁDÁ
II

Eu estou presente
todo eu sou sim
e é de repente
não dou por mim!

Um bom vazio
me vem encher
(nem sinto o frio)
de me não ver)

Heróis antigos
olhos cientes
passam amigos
dizem parentes

Passam os manes
do eternal
e os ademanes
do amoral

Passam aqueles
com os aquelas
tanto sou deles
quanto sou delas


Sou de ninguém
estou em olvido
e mais despido
que Pedro Sem

Colorações
Trigos e joios
Caem aviões?
Chegam comboios.

Os tristes olham
o escasso cais
que as ondas molham
(Água demais…)

Os ébrios, êsses
passam de largo
Ai Sá-Carneiro
Carneiro amargo

Praças pequenas
como alçapões.
São os cinemas?
Serão ladrões?

E eu que não digo
eu que não deixo
eu que mim migo
só pelo queixo

Esfriei a rua
das Grandes Dores
fritei-lhe a lua
raspei-lhe as flores

Fui-me à de lata
sangrenta escura
patrícia pata
da dita dura

Esfriei-lhe o jeito
de assassinar
comi-lhe o peito
mais pulmonar

Esfriei as frentes
esfriei as trazes
fiquei sem dentes
merda, rapazes!

Gritar não grito
esperar demora.
Viva o infinito!
Ora, ora, ora.

Altas, morenas,
com janelões
boas pequenas
estas prisões!


Dão lá por dentro
gozos astrais.
Anda-se menos
pensa-se mais.

Ó burguesinhos
que quereis fazer
que heis-de fazer
queridos vizinhos?

Sabeis lutar?
Sabeis perder?
Viver? Morrer?
Que heis-de fazer?

Eu que não puxo
cabo ou começo
fluxo… defluxo… e
não sei. Nem peço.

E à multidão
contente e só
eles que são
e eu que estou

apenas vejo
como se ouvisse
um negro harpejo
que nem florisse

Pois no que vi
não ver é que há
e eu estou ali
não estando lá.